O milho é um dos insumos com maior impacto no custo de produção da pecuária de corte. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o grão valorizou 301% nos últimos seis anos, enquanto a arroba do boi gordo apenas 109%.
É preciso evitar desperdício e aproveitar ao máximo o alto valor energético contido no grão. Para isso, a iRancho preparou um guia completo de como fazer o processamento do milho com foco em resultados técnicos e financeiros.
1- Conhecendo o Grão de Milho
O grão de milho possui texturas (duro, semiduro, dentado), estágio de maturidade (ponto de colheita) e composição química. É preciso conhecer esses aspectos porque os grãos duros e semiduros, por exemplo, possuem menor digestão comparados ao milho de textura farinácea também chamado de dentado.
Isso porque os grãos duros e semiduros têm a maior parte do seu amido envolvido por uma camada densa de proteínas, chamada de matriz proteica. Essa matriz dificulta o acesso ao amido pelos microrganismos do rúmen e enzimas produzidas pelos animais.
Mas não é só a textura do grão que aumenta a matriz proteica. A maturidade do milho também aumenta a matriz proteica e dificulta a digestão do rebanho. Defasagem que é minimizada durante o processamento.
2 – Tipos de Processamentos
O processamento do milho quebra o pericarpo do grão, reduz o tamanho da partícula, rompe a matriz proteica e aumenta a digestão do grão. Consequentemente, há mais energia disponível na nutrição e melhor no desempenho animal.
Moagem
A moagem é um tipo de processo muito utilizado. Consiste em triturar os grãos em moinhos do tipo martelo ou rolos. A técnica diminui o tamanho da partícula e facilita a digestão, mas não chega a quebrar a matriz proteica.
Para que a partícula fique no tamanho ideal é preciso usar um conjunto de peneiras com diâmetros de 6,00 mm; 3,25 mm; 2,00 mm e 1,25 mm. Colete amostras do milho moído na boca de saída do moinho e peneire em ordem decrescente (peneiras com maior diâmetro em cima e as demais em baixo). Agite as peneiras para que as partículas menores passem.
Não é desejada a presença de partículas de milho na peneira de 6,00 mm. O ideal é o grão entre 3,25 e 1,25 milímetros. Descarte as partículas inferiores a 1,25 mm. Apesar da boa digestão, esse tamanho aumenta o risco de acidose. A foto mostra bem cada fase da moagem.
Por isso, o ajuste do tamanho de partícula do milho moído na fazenda deve ser feito por um profissional nutricionista, que deve também ajustar a dieta, os teores de energia, proteína, quantidade de volumosos, a efetividade da fibra, uso de aditivos entre outros detalhes da nutrição.
Floculação
Outro tipo de processamento eficiente para a digestão do milho é a floculação. Nesta técnica o grão é colocado em uma câmara de vapor para aumentar a umidade e, posteriormente, rolos transformam o milho em floco. A temperatura associada à umidade rompe a matriz proteica que envolve o amido, melhorando a digestão do milho e reduzindo a perda de energia nas fezes. Contudo, a floculação é um tipo de processo pouco utilizado no Brasil, por conta do alto custo de produção e da dificuldade na armazenagem do milho flocado.
Ensilagem
Outro processamento eficiente e acessível é a ensilagem de grão úmido de milho. Os grãos são colhidos quando apresentam teor de umidade próximo a 38%, triturados e ensilados. O processo é semelhante ao da produção de silagem da planta inteira, mantendo os cuidados com a compactação e vedação, para que ocorra a fermentação anaeróbica e abaixamento do pH.
Esse tipo de processo permite antecipar a colheita dos grãos, facilita o armazenamento evitando a presença de carunchos e roedores e conserva o valor nutritivo do milho. No entanto, uma das maiores dificuldades no campo é colher os grãos no ponto ideal, que muitas vezes secam rápido e passam do ponto.
Reidratação
Para corrigir a falha da colheita no ponto ideal, a opção é a reidratação. Um processo que consiste em adicionar água no grão triturado, aumentando assim a umidade e, posteriormente, o material é ensilado.
Conclusão
Em suma a silagem de grão úmido de milho ou reidratado e o milho floculado apresentam maior digestibilidade em comparação ao milho seco moído. Contudo, a decisão de qual método usar depende da estrutura física da fazenda e capacidade de investimento.
Portanto, levando em consideração os preços do milho e a sua grande participação nas dietas, é importante garantir a sua ingestão e digestão adequada pelos animais. Afinal quanto mais grãos nas fezes maior é a perda de energia, reduzindo o desempenho do animal e o lucro.
Pecuarista de Sucesso
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