Suplementação para gado: bovino se alimentando na fazenda

Suplementação para gado na seca: o que você deve saber

A criação de bovinos de corte no Brasil é amplamente baseada em pastagens. 

Isso significa que a sazonalidade na produção de forragem, com uma redução considerável durante o período seco do ano – de maio a agosto –, impacta diretamente na capacidade dos pastos para alimentar os animais.

Afinal, a ausência de chuva, as temperaturas elevadas e maior luminosidade afetam o crescimento das forrageiras. 

E o resultado? Queda na produtividade e maiores riscos à saúde dos animais.

Diante deste cenário, é importante que os pecuaristas consigam agir antecipadamente para evitar maiores problemas.

Neste artigo, vamos entender como a suplementação para gado pode ajudar a superar os desafios durante a transição das águas para a estação seca. 

Vamos explorar juntos algumas estratégias e dicas práticas? Boa leitura!

A importância da suplementação para gado de corte

A escassez de forragem de qualidade no período seco pode levar a deficiências nutricionais nos animais, afetando diretamente sua saúde e desempenho. 

A suplementação adequada visa atender às necessidades específicas dos bovinos, fornecendo nutrientes essenciais como proteínas, minerais e energia, que podem estar em falta na dieta devido à diminuição da disponibilidade de alimentos naturais.

A suplementação durante a seca também ajuda a maximizar o uso dos recursos forrageiros restantes – isso se traduz em animais que conseguem extrair o máximo de nutrientes da forragem, o que aumenta a eficiência alimentar e reduz desperdícios de recursos da fazenda.

Outro benefício da suplementação para gado é a redução do impacto econômico para os produtores. 

Ao manter a saúde e o desempenho dos animais durante a seca, evita-se perdas significativas, como queda na taxa de crescimento, menor eficiência reprodutiva e aumento nos custos com tratamentos veterinários.

Agora, vamos entender sobre o papel dos nutrientes na saúde dos bovinos? 

O papel dos minerais

Os animais precisam de minerais porque não conseguem produzi-los, então os obtêm a partir da alimentação. 

Essas substâncias são essenciais para manter o bom funcionamento de diversas funções, como a reprodução, o crescimento e o sistema imunológico.

Por exemplo, o cálcio e o fósforo contribuem para o fortalecimento dos ossos e tecidos. O magnésio é importante para os músculos e o metabolismo. Já o cobre, zinco e selênio são necessários no processo de reprodução.

A escassez de minerais na dieta dos bovinos pode prejudicar o bem-estar animal, além de acarretar em perdas financeiras para os produtores de gado de corte devido às despesas veterinárias. 

Mas nem só de minerais vivem os bovinos. As proteínas também têm um papel relevante na nutrição, como veremos a seguir.

O papel das proteínas 

Durante a seca, quando a quantidade e a qualidade das forragens dos pastos diminuem, é comum que os animais enfrentem deficiências proteicas e uma série de problemas de saúde.

Os aminoácidos contidos nas proteínas são como “blocos de construção” para outras proteínas, necessárias para o crescimento e reparo dos tecidos musculares, assim como para a síntese de enzimas e hormônios. 

Além disso, a fermentação ruminal está ligada à digestão eficiente dos alimentos consumidos pelos bovinos de corte. 

Quando está presente em níveis normais no organismo, a proteína é capaz de sustentar esse processo durante todo o período seco do ano, o que garante que os bovinos tenham acesso aos nutrientes essenciais ao organismo mesmo na seca.

Como escolher a suplementação para gado ideal na seca  

Escolher o tipo de suplemento ideal para bovinos de corte durante o período de seca envolve alguns passos importantes:

  • Avalie as necessidades nutricionais do rebanho: deve-se levar em consideração fatores como idade, categoria, peso, raça e expectativa de desempenho dos animais.
  • Analise a qualidade da forragem: a qualidade da forragem pode variar significativamente, influenciando o nível de suplementação.
  • Defina os objetivos de produção: estabeleça objetivos claros, como ganho de peso, taxa de reprodução e saúde do rebanho, para orientar a escolha do tipo e quantidade de suplemento a ser utilizado.
  • Consulte um profissional: procure orientação de um profissional de nutrição animal, como um zootecnista ou veterinário especializado em bovinos de corte.

Com base nesses pontos, você vai tomar a melhor decisão entre suplementos minerais, proteicos, energéticos ou combinados, dependendo das deficiências nutricionais identificadas na sua fazenda.

3 tipos de suplementação nutricional em períodos de seca

Abaixo, apresentamos quatro tipos de suplementação para gado amplamente adotados durante a seca, cada um com suas características e benefícios específicos. Confira!

1. Suplemento mineral com ureia

É uma prática amplamente adotada na pecuária. 

A ureia, quando fornecida de maneira adequada, atua como uma fonte de nitrogênio não proteico que é convertida em proteína microbiana pelos microrganismos do rúmen. 

Esta proteína é essencial para otimizar a fermentação ruminal e aumentar a digestibilidade da fibra, permitindo que os bovinos aproveitem ao máximo os nutrientes disponíveis no capim. 

Além disso, o suplemento mineral com ureia pode ajudar a suprir as deficiências nutricionais comuns durante a seca, contribuindo para a manutenção da saúde, do peso corporal e do desempenho dos animais.

No entanto, é importante ressaltar que o uso desse tipo de suplementação para gado requer cuidados na formulação e manejo com período de adaptação. 

Apesar dos benefícios, a suplementação mineral com ureia não é suficiente para atender maiores resultados de desempenho e manter o crescimento dos animais na seca.

2. Suplemento proteico

Os suplementos proteicos desempenham um papel crucial na dieta dos bovinos de corte.

Eles fornecem nitrogênio para microbiota ruminal e aminoácidos essenciais necessários para o crescimento, desenvolvimento muscular e manutenção da saúde geral do rebanho. 

Os suplementos proteicos de baixo consumo, como os de 1 grama por quilo de peso vivo, são especialmente úteis durante o período de seca ou quando a qualidade da forragem é comprometida.

Eles fornecem uma fonte de proteína para ajudar a manter o crescimento, o peso corporal e a saúde do rebanho, e também podem ser utilizados como uma estratégia de manejo para maximizar o desempenho dos animais.

Já os suplementos com consumo de 3 a 5 gramas por quilo de peso vivo são indicados para situações em que os bovinos precisam de uma fonte adicional de proteína e/ou energia para atender às suas necessidades nutricionais. 

Esse tipo de suplemento contém fontes de proteína, como farelo de soja, e energia, como milho ou sorgo, nos casos dos suplementos proteico-energéticos.

3. Suplemento proteico-energético

A estratégia de suplementação proteico-energética representa uma abordagem eficaz para melhorar o desempenho dos animais e maximizar a utilização dos recursos forrageiros. 

O suprimento de nutrientes limitantes, como nitrogênio para ajuste de proteína da dieta, e o fornecimento de energia possibilitam maior ganho de peso. 

Não é exagero lembrar que a escolha entre os tipos de suplementos depende das condições específicas da fazenda, das necessidades do rebanho e dos objetivos de produção do pecuarista. 

Mas não esqueça que o pasto é a base da alimentação. Portanto, é preciso ter um bom manejo da pastagem para ter forragem na quantidade certa para atender a todos animais. 

Afinal, o suplemento deve fornecer o que falta no pasto, e não o pasto que falta.

Outras dicas para a transição do período de águas

Sem dúvidas, esse é um período repleto de desafios significativos na produção de bovinos de corte. Pensando nisso, preparamos algumas dicas para enfrentar esses momentos com tranquilidade: 

  • Manejo do rebanho

Ajuste o manejo do rebanho de acordo com as condições do pasto e as necessidades dos animais, como a redução da carga animal, a comercialização ou a adoção de estratégias de produção mais intensivas.

  • Monitoramento da condição corporal:

Monitore regularmente a condição corporal dos animais durante a transição e o período seco. A perda excessiva de peso pode indicar deficiências nutricionais ou problemas de saúde que precisam ser corrigidos.

  • Fornecimento de água:

Garanta o acesso adequado à água limpa e fresca para os bovinos durante o período seco. A escassez de água pode impactar negativamente o consumo de pasto e suplementos, a saúde e o desempenho dos animais.

  • Avaliação do custo

Tenha um planejamento financeiro sólido para lidar com os custos adicionais de suplementação e manejo. Calcule os custos e analise estratégias para indicar a que tenha melhor custo-benefício.

Pecuarista, agora que você já sabe sobre a importância da suplementação para gado no período de seca, não deixe de se informar sobre os benefícios do monitoramento do pastejo durante as águas – essa prática pode ser um diferencial na sua produção. Confira nosso artigo completo!

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