Estresse térmico: veja como garantir o bem-estar animal e a produtividade

O conceito de bem-estar animal engloba o ambiente social, físico e ambiental, mas o clima é o que mais preocupa os produtores brasileiros. Afinal, estamos em um país tropical e ambientes quentes e úmidos trazem impactos no desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho. 

Certamente, esse cenário associado ao calor metabólico do animal reduzem a capacidade de eliminar o calor corporal, resultando em uma condição chamada de estresse térmico. 

Como identificar o estresse térmico?

Fique sempre atento ao comportamento do animal, em especial nos dias mais secos, sem vento, com alta radiação solar e com temperatura ambiente entre 25 a 35°C.

Os primeiros sinais do estresse térmico são o aumento da frequência respiratória, redução no consumo de alimentos e maior ingestão de água. No gado leiteiro é mais fácil identificar, porque já se nota redução de 10 a 20% na produção de leite. 

Posteriormente, os animais começam a disputar espaço por sombra, ficam com a boca aberta, com a língua para fora e com presença de baba. Aferir a temperatura retal pode ser uma opção. Considera-se estresse térmico quando a temperatura está maior que 39,2°C em 70% dos animais. 

Existe um método de classificação chamado Patting Escore, muito usado na Austrália, que segue uma escala de 0 a 4,5 para medir o grau de desconforto térmico. Veja abaixo:

  • 0 – sem ofegar
  • 1- ligeira respiração ofegante, boca fechada e sem baba
  • 2 – ofegante rápido, baba presente e boca fechada
  • 2,5 – ofegante rápido, baba presente, boca aberta e língua não estendida
  • 3 – boca aberta, salivação excessiva, pescoço estendido e cabeça erguida
  • 4 – boca aberta com a língua totalmente estendida por períodos prolongados e com salivação excessiva. Pescoço estendido e cabeça erguida
  • 4,5 – como no 4, mas com a cabeça para baixo, com respiração forçada e os flancos se agitando com frequência

Consequências

Esse cenário de estresse térmico não só traz prejuízos para o bem-estar animal como também para os ganhos produtivos do rebanho, podendo ainda levar o animal a óbito.

No gado de corte, certamente o ganho de peso fica comprometido por conta de uma ingestão menor de alimento e do aumento de energia do animal para manter a temperatura corporal. Sem contar a redução na ruminação, provocada pelo aumento de acidose ruminal, que ocorre por conta da respiração acelerada.

Outra consequência é a queda da imunidade do rebanho, com a liberação de cortisol, um hormônio que impacta a saúde dos animais e seu desempenho. 

Soluções

Para amenizar problemas decorrentes da temperatura elevada e umidade é necessário promover mudanças no ambiente. Outra alternativa bastante usada é a seleção genética, ou seja, cruzamento entre raças para buscar a rusticidade adequada para o clima da região. 

Do ponto de vista ambiental, os métodos mais práticos de aliviar o estresse calórico dos bovinos estão em três áreas: sombreamento, ventilação e refrigeração. Métodos que podem ser usados separadamente ou combinados, de acordo com a criação e as condições da fazenda.  

As sombras naturais, ou seja, as árvores possibilitam maior conforto térmico frente à alternativas artificiais como sombrites e telhas, sem contar que são mais econômicas. Pasto com áreas sombreadas por árvores é, portanto, o mais recomendado. 

Na ausência de árvores ou até que elas cresçam, a sugestão são os abrigos artificiais, que podem ser instalados em pontos fixos dos piquetes. O material utilizado pode variar de acordo com a disponibilidade e até o grau de sangue dos animais. É muito comum o uso de cobertura de polipropileno, contudo existem outros tipos de coberturas mais eficientes  como as telhas de fibrocimento sem amianto ou as telhas galvanizadas. 

Conclusões

Apesar da predominância do Nelore na produção de gado de corte no Brasil, raça considerada rústica para o clima tropical, cuidados com o estresse térmico devem ser considerados.

Além de promover o bem-estar animal, característica de produção cada vez mais exigida no mercado atual, o calor excessivo pode estar derretendo o ganho de peso e sabotando a reprodução do seu rebanho. Faça o teste e compare como seus ganhos podem ser ainda superiores cuidando de pequenos detalhes.

Pecuarista de Sucesso

Essa é mais uma lição do Pecuarista de Sucesso, uma jornada de conhecimento promovida pela iRancho. Estamos no capítulo sobre bem-estar animal e, caso você tenha perdido alguma das últimas lições, abaixo estão alguns links para você rever ou maratonar nossos conteúdos. Boa leitura!

Bem-estar Animal: conheça 5 princípios que você deve seguir

10 Lições que você precisa saber antes da Estação de Monta

Referências Bibliográficas :
Coleção 500 perguntas para Gado de Leite da Embrapa/ Revista DBO

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